27 de junho de 2008

Conto

Estava um passarinho catando numa fazenda comida para dar a seus filhotes... Procurava, procurava e nada... O frio era de uma brutalidade tamanha que o animal volta e meia se desconcentrava de sua busca para se aquecer com suas asas. Porém, continuava com frio. Um gato que a tudo observava deitado numa soleira, logo via no animal presa fácil, e não tomou lá grandes atitudes: continuou deitado até que o frio fosse ainda mais intenso, para que o passarinho não conseguisse continuar a procura. Alguns minutos mais tarde e uns graus a menos, o passarinho, que praticamente não mais suportava a friaca intensa, resolveu parar encostado no tronco de uma árvore, batendo as asas para se aquecer. O gato, sagaz como ele só, silenciosamente se levanta e vai se deslocando em direção ao pássaro, que continua a tentar se aquecer. Quando dá de cara com o gato, o pequeno friorento tenta levantar vôo, mas por estar enfraquecido consegue apenas voar baixo. Dessa forma então, ele sai planando pela fazenda com o gato correndo atrás. Unhas afiadas e dentes prontos para capturar o animalzinho. E o pássaro se mostra um exímio voador quando faz incríveis zigue-zagues por entre árvores e hortas e estábulos e animais e em tudo que pudesse para atrasar o gato. Exausto e com o coração disparado, ele desiste e se entrega à morte, pousando e deitando no curral. O cheiro das vacas é intenso e todas estão pastando. Quando menos espera, uma das vacas defeca em cima do passarinho, que, ignorando o mal cheiro, fica radiante de felicidade: finalmente estava bem escondido e aquecido. A felicidade foi tamanha que o passarinho começou a cantar. O gato, enfurecido por ter perdido seu alimento, estava por perto, ouviu aquela aguda barulheira e foi se aproximando do som. Chegando lá, identificou o montinho de estrume onde o pássaro estava fazendo sua sauna e chegou perto. O pequeno cantor ficou desnorteado e apavorado, mas não tinha mais como sair do abrigo. O gato friamente tirou o bichinho do cocô, limpou-o e atirou-o na boca sem grandes cerimônias.
Moral da História:
Nem sempre quem te põe na merda quer te prejudicar e nem sempre que te tira da merda pretende te ajudar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário