20 de agosto de 2008

La Beauté

(Charles Baudelaire)

Je suis belle, ô mortels! Comme un rêne de pierre,
Et mon sein, où chacun s’est meurtri tour à tour,
Est fait pour inspirer au poete un amour
Éternel et meut ainsi que la matière.

Je trône dans l’azur comme un sphinx incompris;
J’unis un coeur de neige à la blancheur des cygnes;
Je hais le mouvement qui déplace les lignes,
Et jamais je ne pleure et jamais je ne ris.

Les poetes, devant mes grandes attitudes,
Que j’ai l’aird d’emprunter aux plus fiers monuments,
Consumeront leurs jours en d’austères études;

Car j’ai, pour fasciner ces dociles amants,
De purs miroirs qui font toutes chouses plus belles:
Mes yeux, mes larges yeux aux clartés éternelles!


A Beleza
(Charles Baudelaire)

Eu sou bela, ó mortais! como um sonho de pedra,
E meu seio, onde todos vêm buscar a dor,
É feito para ao poeta inspirar esse amor
Mudo e eterno que no ermo da matéria medra.

No azul, qual uma esfinge, eu reino indecifrada;
Conjugo o alvor do cisne a um coração de neve;
Odeio o movimento e alinha que o descreve,
E nunca choro nem jamais sorrio a nada.

Os poetas, diante de meus gestos de eloqüência,
Aos das estátuas mais altivas semelhantes,
Terminarão seus dias sob o pó da ciência;

Pois que disponho, para tais dóceis amantes,
De um puro espelho que idealiza a realidade:
O olhar, meu largo olhar de eterna claridade!


(Tradução: Ivan Junqueira)

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