19 de março de 2009

19 de Março de 1933

Se papai fosse vivo, hoje ele estaria fazendo 76 anos.
Já são 8 anos que não comemoramos seu aniversário, creio que alguns aqui em casa nem se lembrem mais.

Mas eu lembro...
Lembro o dia que adoeceu, o dia que faleceu, lembro do seu aniversário e cada dia 6 eu lamento sua partida.

Entendo e aceito a vontade de Deus pra minha vida sempre, mas infelizmente isso não apaga a falta que meu pai me faz.

Papai foi um pai, um PAIZÃO! Amável, carinhoso, zeloso, atencioso... Só tenho lembranças boas dele.
Papai era um pouco mais velho que minha mãe, e essa diferença era bem perceptível. Lembro que quando criança, ele ia me buscar na escola e eu morria de vergonha, pois todos pensavam que era meu avô, e várias vezes eu confirmava isso, coisa de criança.
Lembro também que eu adorava dormir na sala só pra ele ter que me carregar até o quarto.
Adorava ir deitar e pedir um copo de água pra ele, pentear seus cabelos lisos e negros, subir nas costas dele, sentar no colo...
Todos os dias antes de dormir eu pedia sua bênção e ele adorava isso.
Antes dele ir dormir, ia em todos os quartos dar a bênção aos filhos, nos cobria [eu sempre deixava o lençol de lado, só pra sentir ele me cobrindo], apagava a luz, via se tinha algum mosquito no quarto, as vezes ele fazia isso várias vezes durante a noite. Ahhhh ele cantava pra gente dormir também, e as cantigas que ele cantava e inventava foram as únicas músicas que eu já ouvi ele cantar.
"Uau uau uauuuuu gatinho quer mingau
Uau uau uauuuuu gatinho quer mingau [...]"

Ele armava duas redes uma ao lado da outra onde deitavam eu e Jane e ficava nos balançando ao mesmo tempo e cantarolava até dormimos.

Depois que Isabelle nasceu, ela também pôde dormir embalada por esses cantigas.
As únicas crianças que vi papai gostar foram nós (eu, Jane e Bruno) e Isabelle, então parecia que ele havia guardado todo carinho, amor e dedicação pra gente.
Papai nunca nos bateu e poucas vezes levantou a voz conosco, ele não precisou disso para impor respeito e a autoridade que um pai precisa.

Sempre que era aniversário de um de nós três ele comprava presente para os três.

Ele nunca professou a fé cristã, mas sempre fazia orações antes das refeições, ao acordar e antes de dormir.
Papai era um homem valente, batalhador e guerreiro, tinha um jeito próprio de ser, e as pessoas as vezes não entendiam isso.

Nos ensinou a ser pessoas decentes, educadas, carinhosas e batalhadoras.

Todos sempre achavam que eu era a filha mais querida, pra ser sincera eu também achava isso, mas creio que isso resulte do fato que eu sempre fui a mais carinhosa e isso porque eu o amava muito e desejava expressar isso todos os dias.
Nunca, JAMAIS esquecerei suas palavras quando aos 15 anos engravidei: Filha, se já te amo, passarei a ti amar mais ainda. E de fato ele amou.
Agradeço a Deus por ter demonstrado/retribuído em vida todo o amor e carinho que nos dedicou.


Ele se foi, sinto a sua falta, mas tenho certeza que nos deixamos com a sensação de dever cumprido. Ele como pai e eu como filha.

Não importa se o seu pai não é perfeito assim como o meu foi pra mim, seja o filho perfeito para ele.
Os pais nem sempre agem de modo que encorajem o respeito de seus filhos, mas os filhos devem estimar seus pais por causa do mandamento de Deus a este respeito. "Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá." (Ex. 20.12)

Honrar é muito mais que obedecer, é valorizar, estimar, ter apreço, é amar.

E o tempo de amar, de valorizar, de respeitar, de ser filho é agora, é hoje.


Não perca essa oportunidade!




2 comentários:

  1. Quanta falta faz um pai. Nós sabemos disso. Meu pai tb nunca me bateu e poucas vezes levantou a voz pra mim (já Constância, só cascudo doido kkkk...) enfim... saudades..=( Mas graças a Deus que em Cristo Jesus nos dá o consolo para aguentar a perda.

    ResponderExcluir
  2. Verdade amiga...
    Tia Concon não aiviou rsrs

    ResponderExcluir